Pontes para o paraíso perdido
É preciso erguer pontes. É preciso pontes que reconstruam o viver juntos. Pontes para unir idéias diferentes e superar barreiras de línguas, de crenças, econômicas e culturais. Pontes que proporcionem luzes para a convivência humana de um jeito compreensivo, criativo e inteligente.
Em palavras pastorais: Pontes que levem ao paraíso perdido, ao sonho de uma nova sociedade: a Nova Jerusalém (Isaias 65; 66) onde não há ‘choros nem gritos de dor’, onde as pessoas vivem em paz, com segurança e todos se entendem porque compartilham a mesma compreensão comunitária. Mas, hoje, em meio à realidade da sociedade em que vivemos, para que essa ponte do paraíso perdido possa ser reconstruída há necessidade, primeiramente, de que a igualdade se torne de fato o destino de todos os cidadãos e que o agir em coletivo seja o jeito de enfrentar os desafios da vida.
Queremos destacar que o paraíso perdido, não é uma lembrança saudosista, mas uma metáfora pedagógica, como algo necessário e essencial, que precisa ser recuperado, concretamente, para o dilema das relações humanas. Pois, é o lugar seguro que nos protege diante das ameaças da atualidade. A ponte para o paraíso perdido é como se fosse o sonho de segurança, o desejo por um ‘lar aconchegante’ onde todos podem se refugiar e sentir-se protegido. Como afirma Bauman (2003) ‘um paraíso que nós ainda procuramos, e que esperamos encontrar’.
Creio que o desejo de reconstruir pontes que proporcionem a vivência de relacionamentos plenos e gratificantes para todos os cidadãos seja o nosso sonho pois representa relação e compromisso com um paraíso que tem no cuidado mútuo a ênfase dos seus direitos.
Que seja esse o nosso objetivo neste início de semestre: o de sermos co-criadores de pontes, uns com os outros, pois todos somos partes da criação do paraíso possível.
Horizontina Canfield
14 de julho de 2006