Olimpíada: princípios de igualdade e respeito
A Olimpíada no Rio de Janeiro está a poucos dias de terminar. Pouco antes da abertura, vimos aqui uma matéria especial sobre as relações do Esporte, os Jogos Olímpicos e a Educação e hoje, vamos ver mais alguns fatos que ligam este grande evento a diversas manifestações sociais, políticas e educacionais.
Antes de tudo, é importante lembrar e reforçar que as Olimpíadas foram criadas porque os cidadãos da Grécia Antiga buscavam a paz e a harmonia entre os povos e, para eles, os esportes eram importantes para promover integração e para a manutenção da saúde. Eles prezavam pelo entendimento mútuo, igualdade, amizade e jogo limpo, que são os valores que formam o aclamado “espírito olímpico”, que são defendidos até hoje por atletas, entidades esportivas, instituições diversas e mesmo por educadores, pois são valores que vão ao encontro de princípios educacionais.
Palco de manifestações
Mas acontece que, com o passar dos anos, estas memórias honrosas nem sempre são contadas, espalhadas pelas sociedades e são até mesmo esquecidas ou sequer ensinadas. Mas uma coisa sobre as Olimpíadas permaneceu: a capacidade de atrair povos do mundo todo, prender a atenção de bilhões de pessoas, neste que é o maior evento em escala mundial, entre todas as esferas, com uma das maiores coberturas midiáticas. E justamente por toda esta visibilidade é que os Jogos Olímpicos, na era moderna, acabaram muitas vezes servindo de palco para diversas manifestações, principalmente políticas e ideológicas.
Porém, tais manifestações acabam desvirtuando o principal objetivo das Olimpíadas, de promover a paz e a amizade entre os povos. Um episódio marcante, que manchou o espírito olímpico, aconteceu na Olimpíada de Berlim, em 1936, quando o então chanceler alemão, Adolf Hitler, que liderou o movimento nazista, tentava propagar uma ideia do nazismo que inferiorizava a raça negra. Hitler levou os Jogos Olímpicos para a Alemanha naquele ano com o objetivo de provar a superioridade da raça ariana sobre os negros.
Jesse Owens X Hilter – uma vitória e uma lição para o mundo
Mas o Esporte, praticado em sua essência, sempre traz grandes surpresas. A Olimpíada de Berlim se desenvolvia a “todo vapor” e quando chegou o momento das disputas do Atletismo, que é o conjunto de modalidades mais nobre das Olimpíadas, por ser a base da criação deste evento desde a antiguidade, a teoria nazista foi derrubada. O atleta negro norte-americano Jesse Owens (nome original James Cleveland Owens) venceu quatro das principais provas de Atletismo, conquistando a medalha de ouro nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4 por 100 metros. Na foto de destaque desta matéria, mais acima, vemos Jesse Owens na premiação dos 200 metros rasos fazendo uma continência militar em contraposição à saudação nazista do atleta alemão Luz Long, que ficou em segundo lugar.
Jesse Owens e esta postura de Hitler e do nazismo nos ensinaram que tanto no Esporte, como em qualquer outra área, em todo o mundo, não são pessoas, líderes mundiais, juízes, ideologias e qualquer outro indivíduo que definem as outras pessoas e podem dizer quais são suas capacidades. Neste episódio, Owens representou a vitória do Esporte, dos princípios morais e éticos, resgatou o espírito olímpico e os princípios de igualdade. Foi uma vitória de “lavada” sobre o racismo e preconceito.
Igualdade e respeito – a mensagem olímpica
Mesmo com esta lição, sabemos que nos dias atuais muitas pessoas ainda são vítimas de preconceito por diversos motivos. Infelizmente, o cenário do esporte também é palco para manifestações preconceituosas e é muito comum as pessoas determinarem estereótipos para quem pratica alguma modalidade. É claro que a saúde é algo que deve sempre ser considerado, mas criou-se uma ideia de que verdadeiros atletas são musculosos, mais ágeis, com o corpo “perfeito”, de acordo com convenções sociais e que apenas estes são bons o bastante, o que muitas vezes é refletido nas brincadeiras e nos jogos nos bairros e nas escolas.
E mais uma vez as Olimpíadas, com seus valores originais, vêm mostrar o quanto este estereótipo está totalmente errado. Entre as 42 modalidades da Olimpíada, vemos atletas de todo tipo de altura, peso, raça e idade, mostrando que nos Jogos Olímpicos há espaço para todos.
O brasileiro Alberto Rígolo, que foi técnico da Seleção Brasileira Masculina de Handebol na Olimpíada de Atlanta, em 1996, dedicou toda sua vida a esta modalidade como atleta, treinador, presidente de clube e até na arbitragem. Em uma ocasião, ele afirmou que “o handebol é uma das modalidades mais democráticas que existem no Esporte, pois o baixinho joga, o muito alto joga, o gordo joga e o magro joga. Não há restrições de tipos físicos”. Alberto fez esta afirmação quandodefendeu que as escolas deveriam adotar projetos esportivos pelas características democráticas, de diversidade e pela prática esportiva em si.
Portanto, a Olimpíada sempre busca preservar sua mensagem original, sobre paz e harmonia entre os povos, respeito, igualdade e amizade. Mensagem esta que seria interessante ser preservada pelas famílias, escolas e todo tipo de instituição.
E não é porque o final da Olimpíada 2016 está chegando que a nossa série especial está terminando também. Ainda tem assuntos bem legais pós Jogos Olímpicos, como o legado deixado pela Olimpíada, inclusão e outras histórias de superação, que podemos conversar. Fique de olho no site e nas redes sociais do Colégio.
Que atleta é você?
Pouco antes do início da Olimpíada no Rio de Janeiro, o site Globoesporte.com publicou uma matéria especial sobre o biotipo dos atletas brasileiros desta edição dos Jogos Olímpicos, que mostra justamente a diversidade física dos atletas, como falamos logo acima.
O site trouxe na matéria um aplicativo bem legal, que pode ser acessado online, e é possível ver os diferentes biotipos da delegação brasileira. Além disso, você pode inserir seus dados e medidas, que ele mostra com qual atleta você se parece.
Acesse o site aqui e veja qual é o seu biotipo olímpico.
Também durante a preparação dos Jogos no Rio, o Comitê Olímpico Internacional – COI lançou a campanha "Juntos nós movemos o mundo", que fala sobre a paz, igualdade, amizade e respeito.
Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo principal da campanha:
Também é possível acessar o vídeo clicando aqui.
Referências
RUBIO, Katia. Jogos Olímpicos da Era Moderna: uma proposta de periodização. ev. bras. educ. fís. esporte (Impr.), São Paulo, v. 24,
BAKER, William J. Jesse Owens – An American Life, The Free Press, New York, 1986.
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