Educar para o Respeito
PASTORAL ESCOLAR - EDUCAR PARA O RESPEITO
SEMANA DA SOLIDARIEDADE 2007
TEMA: SER SOLIDÁRIO É ESTAR PRÓXIMO
COLÉGIO METODISTA - UNIDADE RUDGE RAMOS
PASTORAL UNIVERSITÁRIA & ESCOLAR
EDUCAR PARA O RESPEITO
PROJETO: SEMANA DA SOLIDARIEDADE - 2007
TEMA: SER SOLIDÁRIO É ESTAR PRÓXIMO
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
(A PARTIR DE LUCAS 10:25-37 - A PARÁBOLA DO SAMARITANO)
POR REV. CESAR ROBERTO PINHEIRO
INTRODUÇÃO
O que significa ser solidário à luz da parábola do samaritano?
Para respondermos a essa pergunta é fundamental identificarmos os protagonistas do texto, além dos elementos apresentados na referida parábola.
1 - A PARÁBOLA
A parábola do samaritano, descrita em Lucas 10:25-37, é suscitada, a partir da pergunta feita a Jesus, por um doutor da lei. Do grego 'nomicos' (nomikoV), um doutor da lei era um especialista no estudo da 'torah' (porção da bíblia judaica conhecida como lei, equivalente aos cinco primeiros livros do AT).
No intuito de medir conhecimentos com Jesus, o doutor da lei questiona a respeito de como ganhar a vida eterna. Jesus não traz uma resposta pronta. Ele induz à reflexão. Responde com outra pergunta: 'Que diz a lei'?
O doutor automatiza a sua resposta, reproduzindo pequenas porçes do AT (Dt 6:5 e Lv 19:18). Tal postura nos lembra o modelo da educação bancária, discutido por Paulo Freire: um conhecimento armazenado, dissociado da vivência do sujeito.
Jesus devolve o automatismo com uma resposta concreta: - Faze isto e viverás. A resposta de Jesus é um convite a vivenciar uma espiritualidade solidária. Em sua resposta, Jesus, confronta o doutor da lei com a práxis: o que falo só ganha significado quando é concretizado em termos de ação.
2 - SER SOLIDÁRIO É ESTAR PRÓXIMO
De acordo com o relato da parábola, descia um homem de Jerusalém para Jericó. Jerusalém era o centro político-religioso daquela época. É importante destacarmos aqui que, refletir sobre o ser solidário, significa sair do meu 'centro' de conforto, do meu lugar, deixar de lado minha 'segurança' indo à direção do outro.
No caminho, aquele viajante foi atacado por salteadores, sendo despojado, espancado, ficando meio-morto. Este homem é símbolo de todas as pessoas que padecem justa ou injustamente, com ou sem razão. Segundo Dullius1 aquela pessoa foi vitimada em vários níveis constituintes do ser humano: a) físico: houve violência, espancamento e despojo daquilo que o viajante levava consigo; b) psíquico: sua identidade tornou-se desconhecida, era um homem sem referência, ficou excluído, à margem da estrada; c) espiritual: sua dignidade foi ferida.
Logo, estar próximo, com um coração solidário, implica enfrentarmos desafios. O ato solidário, apesar de gratuito, não encontra espaços, nem coraçes gratuitos com facilidade.
Agora, nos deparamos com três atitudes: duas semelhantes e uma diferenciada. Diz o texto que tanto o sacerdote, quanto o levita, passaram de largo.
Ambos se omitiram de atender aquele homem, porque conheciam a lei religiosa. Segundo a 'torah', um sacerdote que tocasse num cadáver ficaria contaminado no que diz respeito a sua função cerimonial (cf. Lv 21:1-4).
Vivemos numa sociedade de comportamento misantrópico2.
Preferimos uma vida solitária avessa ao convívio social, assim não precisamos nos comprometer com os problemas que emergem em nossa sociedade. Passamos de largo. E, para isso, usamos as mais diferentes desculpas: - Isso é função do governo, das escolas, das ONGs, das igrejas.
A outra atitude é a do samaritano, alguém que era rejeitado por todas as classes da sociedade judaica, todavia foi o único fiel ao ensinamento da torah, demonstrando misericórdia por aquele homem vitimado.
A palavra misericórdia tem sua origem no latim, porém parte dela nos vem do grego: 'kardia' (kardia), coração. Sendo assim, misericórdia é o ato de sentir como o outro sente, de ter o mesmo coração, de ter uma compreensão profunda da outra pessoa.
Os desafios, na direção do ser solidário, somente serão superados se houver íntima compaixão, misericórdia, como aconteceu com o samaritano. Diante da gravidade da situação esse demonstrou empatia, senso solidário, revelando atitudes concretas: atou as feridas, colocou azeite e vinho nas mesmas, carregou o ferido em seu cavalo, levando esse até um local onde pudesse se recuperar.
1 Dullius, P. L. & Hengemülle, E. (1999). Aprendendo com o Mestre. Petrópolis: Vozes.
2 Misantropia: Aversão à sociedade; aversão às pessoas. Misantropo é aquele que evita a convivência, que prefere a solidão, que é solitário, insociável.
REFERÊNCIAS
Almeida, J. F. (1981). Bíblia Sagrada. Edição Revista e Atualizada. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira.
Chouraqui, A. (1996). A Bíblia - Lucas. Rio de Janeiro: Imago.
Dullius, P. L. & Hengemülle, E. (1999). Aprendendo com o Mestre. Petrópolis: Vozes.
Ferreira, A. B. H. (1999). Novo Aurélio - O Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Gourgues, M. (2005). As Parábolas de Lucas. São Paulo: Loyola.
Pikaza, J. (1978). A Teologia de Lucas. São Paulo: Paulinas.