Amor pela Vida
Todos os dias somos bombardeados pelas mídias com uma série de atitudes que demonstram descaso para com a vida. Em outras palavras, é como afirmou um jornalista, diante das últimas notícias, 'parece que estamos nos acostumando com tantas mortes'. É como se tivéssemos tomado à vacina da indiferença e desinteresse! Mas, onde encontrar, hoje, força e ânimo para pensar a morte e sair dessa indiferença? Sou cristã e, diante disso, penso a Páscoa como um convite para sonhar com os pés no chão. Sonhar com uma utopia que leva em conta a vida em si mesma, boa, plena e rica em amor entre todos/as. Isso porque a Páscoa traz à tona o tema da morte. O que nas palavras do teólogo Jürgen Moltmann (1978) quando fala da vida e morte de Jesus diz que: "Aceitamos a brutalidade. Não queremos admitir a miséria dos outros. Evitamos, destarte, sofrer com eles. Perdemos a paixão pela vida. Evitamos os conflitos. A morte se aninha em nós.". É como se, na nossa indiferença, a vida fosse se esvaindo porque a luta pela sobrevivência, nesses tempos, transforma-nos em 'seres injustos e desumanos'. E, se, tempos atrás, faltava amor entre as pessoas, hoje, perdemos, até, o amor pela vida. Trata-se de, na Páscoa, olhar para Deus com o olhar de quem O sente 'apaixonado pela vida'. A morte de Cristo é transformada em testificação do amor de Deus pela vida diante da morte. É como se Deus, quisesse mostrar-nos um exemplo de relacionamento: aquele que apesar de todo sofrimento e injustiça, apesar das maiores e piores dores, assim mesmo, continua amando. Aí, está o segredo 'Jesus cria vida entre os que sofrem porque os ama e não por causa do grande poder.' A tristeza, a felicidade, a alegria e o sofrimento, ensinam-nos que amar é enfrentar os momentos tanto de vida como de morte! O alerta é quando deixamos que as decepçes, as amarguras, o individualismo e o medo sejam os parâmetros para os nossos relacionamentos porque, com isso, isolamo-nos e morremos para os outros.
Nesse período de preparação para a Páscoa, Amar a Vida pode significar não se acostumar, não ficar indiferente mas, expor-se, abrir-se para o/a outro/a que sofre, que se angustia e que se sente abandonado/a. Mesmo que corramos riscos, é melhor viver plenamente em amor do que chegar ao final e nos arrependermos por não termos vivido, pois afinal "o que permanece da paixão pela vida é o amor, o 'sim' apaixonado para a vida e a resistência apaixonada contra a negação da vida. Eis aí o segredo da vida e da morte. A apatia nos quer livrar da morte, mas na verdade nos tira a vida. Espalha entre nós a rigidez da morte. O amor, porém, transforma a vida em paixão e nos dispe ao sofrimento. A orientação da paixão de Deus e a história do sofrimento de Cristo levam-nos da morte para a vida e nos preservam, a nós e ao mundo, do naufrágio na apatia."
Segundo o calendário cristão-litúrgico, os 40 dias que antecedem a Páscoa (a quaresma) é o tempo da cor roxa ou lilás!
É o tempo do arrependimento, da saudade, da contrição e da expectativa!
É tempo de silêncio! É tempo de introspecção!
Profª Horizontina Mello Canfield
26/02/2007
Pastoral Escolar