Você está aqui: Página Inicial / Independência do Brasil: uma releitura da história

Independência do Brasil: uma releitura da história

por ana.stahler — publicado 06/09/2016 16h07, última modificação 06/09/2016 16h07
Independência do Brasil: uma releitura da história

   A história da Independência do Brasil tem como contexto histórico um país explorado em sua economia pelos altos impostos exercidos pela Coroa Portuguesa. A falta de autonomia política revoltou grande parte da elite brasileira, a qual teve como seu principal interlocutor D. Pedro I que, depois do chamado Dia do Fico, tomou várias medidas para preparar o Brasil para sua independência, tais como: organização da Marinha de Guerra; convocação de uma Assembleia Constituinte e determinou o retorno das tropas portuguesas.

   Ao receber uma carta da Coroa Portuguesa exigindo seu retorno a Portugal e anulando a constituinte, D. Pedro I, em viagem de Santos para São Paulo, no dia 07 de setembro de 1822, declarou, as margens do riacho Ipiranga, a famosa frase “Independência ou Morte”.

   Os livros didáticos e de História, na maioria, sempre fizeram uma leitura desses acontecimentos a partir dos vencedores, refletindo muito pouco a respeito das reais situações que estavam por trás da Independência do Brasil. Muitos personagens e fatos foram omitidos dessa parte da história.  De acordo com Magda Ricci, “A independência é um tema amplo, que ainda precisa ser muito estudado academicamente, pois durante muito tempo nós ficamos atentos para saber quem eram os lideres da independência, estudamos nossa conquista pela liberdade como pacífica, depois percebemos que não foi dessa forma, que houve conflitos e disputas por todo País. É preciso recuperar a história desses conflitos e entender que a construção de uma brasilidade não foi feita pacificamente, mas uma disputa muito grande que resultou nessa diversidade que hoje é a nossa identidade”.

   Apesar de certa visão romântica da historia, crescem as críticas ao modelo comemorativo militar. Os pensadores acreditam que é preciso ir além das comemorações. A Independência do Brasil vem sendo comemorada pela sociedade, especialmente no meio escolar, por meio dos desfiles cívicos e militares. No entanto, com o passar do tempo, a data acabou se resumindo a mais um feriado nacional, sem que haja uma reflexão do sentido de independência, liberdade e da identidade cultural e social brasileira.

   A história do Brasil traz consigo algumas marcas que precisam ser repensadas a partir de novos significados. Nossa “Independência” deve se desvencilhar da leitura histórica da classe burguesa, que impõe seus parâmetros como método de controle da sociedade trabalhadora.

   A Igreja Metodista compreende a educação como parte da Missão, portanto, precisamos romper com as políticas de educação que acabam legitimando a manutenção do sistema opressor, que valoriza o crescimento econômico em detrimento do ser humano, do meio ambiente e da ética; que desvaloriza as culturas das minorias, tais como os povos indígenas, afrodescendentes e outros. Culturas estas que formam nossa identidade brasileira.

    Pensar em liberdade na atualidade exige de todos nós ruptura com um mundo globalizado, que busca a homogeneização da cultura como uma forma de alienação e dominação. E neste ponto de vista, a educação pode ser uma forma de padronizar e disciplinar o indivíduo, retirando do mesmo a sua liberdade e identidade, totalmente contrário da nossa visão de educação metodista, que presa pela autonomia e promoção do ser humano, respeitando sua diversidade cultural. A Igreja entende a educação como um “processo que oferece formação melhor qualificada nas suas diversas fases, possibilitando às pessoas o desenvolvimento de uma consciência crítica e seu comprometimento com a transformação da sociedade, segundo a missão de Jesus Cristo” (PVMI, 2001).

   Nesse aspecto, devemos continuar trazendo à nossa memória a história da Independência do Brasil, sem perder nossa visão crítica, entendendo que nossas Instituições de Ensino têm um papel importante na transformação da sociedade, pois elas podem educar seus alunos para construir uma sociedade mais justa e igualitária, dentro dos princípios da liberdade.

   Atenciosamente,

Rev. Sebastião Fernandes Bezerra
Pastoral Instituto Metodista Granbery