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Olimpíada: princípios de igualdade e respeito

por Dara Luiza Hamann publicado 19/08/2016 14h33, última modificação 19/08/2016 14h33

A Olimpíada no Rio de Janeiro está a poucos dias de terminar. Pouco antes da abertura, vimos aqui uma matéria especial sobre as relações do Esporte, os Jogos Olímpicos e a Educação e hoje, vamos ver mais alguns fatos que ligam este grande evento a diversas manifestações sociais, políticas e educacionais.

OLIMPIADA

Jesse Owens deu lição ao mundo na Olimpíada de Berlim 

Antes de tudo, é importante lembrar e reforçar que as Olimpíadas foram criadas porque os cidadãos da Grécia Antiga buscavam a paz e a harmonia entre os povos e, para eles, os esportes eram importantes para promover integração e para a manutenção da saúde. Eles prezavam pelo entendimento mútuo, igualdade, amizade e jogo limpo, que são os valores que formam o aclamado “espírito olímpico”, que são defendidos até hoje por atletas, entidades esportivas, instituições diversas e mesmo por educadores, pois são valores que vão ao encontro de princípios educacionais.

Palco de manifestações e uma mancha na história

Mas acontece que, com o passar dos anos, estas memórias honrosas nem sempre são contadas, espalhadas pelas sociedades e são até mesmo esquecidas ou sequer ensinadas. Mas uma coisa sobre as Olimpíadas permaneceu: a capacidade de atrair povos do mundo todo, prender a atenção de bilhões de pessoas, neste que é o maior evento em escala mundial, entre todas as esferas, com uma das maiores coberturas midiáticas. E justamente por toda esta visibilidade é que os Jogos Olímpicos, na era moderna, acabaram muitas vezes servindo de palco para diversas manifestações, principalmente políticas e ideológicas.

Porém, tais manifestações acabam desvirtuando o principal objetivo das Olimpíadas, de promover a paz e a amizade entre os povos. Um episódio marcante, que manchou o espírito olímpico, aconteceu na Olimpíada de Berlim, em 1936, quando o então chanceler alemão, Adolf Hitler, que liderou o movimento nazista, tentava propagar uma ideia do nazismo que inferiorizava a raça negra. Hitler levou os Jogos Olímpicos para a Alemanha naquele ano com o objetivo de provar a superioridade da raça ariana sobre os negros.


Jesse Owens X Hilter – uma vitória e uma lição para o mundo


OLIMPIADAMas o Esporte, praticado em sua essência, sempre traz grandes surpresas. A Olimpíada de Berlim se desenvolvia a “todo vapor” e quando chegou o momento das disputas do Atletismo, que é o conjunto de modalidades mais nobre das Olimpíadas, por ser a base da criação deste evento desde a antiguidade, a teoria nazista foi derrubada. O atleta norte-americano e negro Jesse Owens (nome original James Cleveland Owens) venceu quatro das principais provas de Atletismo, conquistando a medalha de ouro nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4 por 100 metros. Na foto de destaque desta matéria, mais acima, vemos Jesse Owens na premiação dos 200 metros rasos fazendo uma continência militar em contraposição à saudação nazista do atleta alemão Luz Long, que ficou em segundo lugar.

Jesse Owens e esta postura de Hitler e do nazismo nos ensinaram que tanto no Esporte, como em qualquer outra área, em todo o mundo, não são pessoas, líderes mundiais, juízes, ideologias e qualquer outro indivíduo que definem as outras pessoas e podem dizer quais são suas capacidades. Neste episódio, Owens representou a vitória do Esporte, dos princípios morais e éticos, resgatou o espírito olímpico e os princípios de igualdade. Foi uma vitória de “lavada” sobre o racismo e preconceito.


Igualdade e respeito – a mensagem olímpica

Mesmo com esta lição, sabemos que nos dias atuais muitas pessoas ainda são vítimas de preconceito por diversos motivos. Infelizmente, o cenário do esporte também é palco para manifestações preconceituosas e é muito comum as pessoas determinarem estereótipos para quem pratica alguma modalidade. É claro que a saúde é algo sempre a ser considerado, mas criou-se uma ideia de que verdadeiros atletas são musculosos, mais ágeis, com o corpo “perfeito”, de acordo com convenções sociais. É claro que a saúde é algo que deve sempre ser considerado, mas criou-se uma ideia de que verdadeiros atletas são musculosos, mais ágeis, com o corpo “perfeito”, de acordo com convenções sociais e que apenas estes são bons o bastante, o que muitas vezes é refletido nas brincadeiras e nos jogos nos bairros e nas escolas.

E mais uma vez as Olimpíadas, com seus valores originais, vêm mostrar o quanto este estereótipo está totalmente errado. Entre as 42 modalidades da Olimpíada, vemos atletas de todo tipo de altura, peso, raça e idade, mostrando que nos Jogos Olímpicos há espaço para todos.

OLIMPIADAO brasileiro Alberto Rígolo, que foi técnico da Seleção Brasileira Masculina de Handebol na Olimpíada de Atlanta, em 1996, dedicou toda sua vida a esta modalidade como atleta, treinador, presidente de clube e até na arbitragem. Em uma ocasião, ele afirmou que “o handebol é uma das modalidades mais democráticas que existem no Esporte, pois o baixinho joga, o muito alto joga, o mais gordo joga e o mais magro joga. Não há restrições de tipos físicos”. Alberto fez esta afirmação quando defendeu que as escolas deveriam adotar projetos esportivos pelas características democráticas, de diversidade e pela prática esportiva em si.

Portanto, a Olimpíada sempre busca preservar sua mensagem original, sobre paz e harmonia entre os povos, respeito, igualdade e amizade. Mensagem esta que seria interessante ser preservada pelas famílias, escolas e todo tipo de instituição.

E não é porque o final da Olimpíada 2016 está chegando que a nossa série especial está terminando também. Ainda tem assuntos bem legais pós Jogos Olímpicos, como o legado deixado pela Olimpíada, inclusão e outras histórias de superação, que podemos conversar. Fique de olho no site e nas redes sociais do Colégio.


Que atleta é você?

Pouco antes do início da Olimpíada no Rio de Janeiro, o site Globoesporte.com publicou uma matéria especial sobre o biotipo dos atletas brasileiros desta edição dos Jogos Olímpicos, que mostra justamente a diversidade física dos atletas, como falamos logo acima.

O site trouxe na matéria um aplicativo bem legal, que pode ser acessado online, e é possível ver os diferentes biotipos da delegação brasileira. Além disso, você pode inserir seus dados e medidas, que ele mostra com qual atleta você se parece.

Acesse o site aqui e veja qual é o seu biotipo olímpico.

Também durante a preparação dos Jogos no Rio, o Comitê Olímpico Internacional – COI lançou a campanha Juntos, que fala sobre a paz, igualdade, amizade e respeito.

Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo principal da campanha:

OLIMPIADA

 

Também é possível acessar o vídeo clicando aqui.

 

Referências

RUBIO, Katia. Jogos Olímpicos da Era Moderna: uma proposta de periodização. ev. bras. educ. fís. esporte (Impr.), São Paulo, v. 24,

BAKER, William J. Jesse Owens – An American Life, The Free Press, New York, 1986.


Veja também:

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