A família no mundo pós-moderno: novos arranjos e modelos contextuais
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem... Homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: sede fecundos, multiplicai-vos... Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”1
Qual é o modelo de família ideal, adequado e proposto para uma época onde quase tudo se tornou descartável, imprevisível, onde a insegurança e a correria nos deixam cada vez mais vulneráveis emocional, física e psicologicamente? Qual deve ser o modelo familiar específico para nós que vivenciamos um tempo de impraticabilidade da ética, da moral e dos valores que afirmam e reafirmam a importância dos relacionamentos humanos?
No mundo cristão, o modelo familiar considerado “ideal”, predominante e constantemente reproduzido, é sem dúvida o modelo nuclear. Esse modelo, também conhecido como família tradicional, nos últimos anos tem sido bombardeado pelas transformações promovidas e determinadas pela pós-modernidade.
As modificações vigentes do mundo pós-moderno, como a dinamização das forças produtivas nos diversos setores da sociedade, a busca pelo espaço através da competitividade e a redefinição dos papéis do homem e da mulher nesse espaço, têm afetado diretamente a família, instituição necessária ao ser humano. Daí o seu abalo, deflagração e sua conseqüente crise interna. Essa crise resultou em um aumento assustador do número de divórcios, declínio do casamento tradicional, redução do número de filhos entre os casais, maior número de pessoas vivendo sozinhas e a elevação de união consensual. A partir dessas inevitáveis mudanças, surgem então novos e diversificados modelos familiares. Christine Collange em seu livro “Defina uma família!” nos apresenta uma lista ampla de famílias, as quais merecem de nossa parte uma reflexão crítica e apurada. São elas: família casulo, família Disneylândia, família clube, família moderna, família tradição, família cepa, família monoparental, família em kit, família reconstituída, família aberta, família invisível, família new look, família comunitária, família fragmentada, família parceira, família de fusão 2. Ainda é possível detectar, na sociedade pós-moderna, outros modelos e arranjos familiares que, somados aos anteriores, aumentam o universo para escolha de todo o indivíduo do nosso tempo. São famílias com base em união livre, famílias compostas apenas de irmãos e irmãs, mães adolescentes com filhos, pessoas divorciadas gerando novas famílias, entre outra s. Como podemos perceber, a lista é imensa, um “menu” bastante sugestivo. São modelos e arranjos alternativos criados pelo e para o ser humano contemporâneo.
Entretanto, em uma visão particularizada, esses arranjos e modelos, originários de fenômenos sociais e econômicos, reforçam indubitavelmente o modelo de família nuclear.
Mesmo com tantos modelos e arranjos familiares, a família nuclear é ainda fortemente presente no mundo pós-moderno e neoliberal de maneira considerável. Porém, qualquer que seja a configuração ou o modelo de estruturação da sua família, ela deve ser sempre o espaço de relações afetivas; atitudes responsáveis; respeitabilidade; solidariedade; seguridade física, moral, espiritual de seus formadores. Deve ser lugar de educação e transmissão de valores essenciais à vida e ao exercício da cidadania.
Que Deus, Criador e Sustentador da vida nos capacitem a cada dia na preservação da família, instituição sagrada Dele para o ser humano.
Rev. Juarez Ferreira de Jesus
Agente de Pastoral Escolar
Referência Bibliográfica
Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. Tradução: João Ferreira de Almeida (Gn.1.27-28; 2.24)
COLLANGE, C. Defina uma família. Rio de Janeiro: Racco, 1994, p.65