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Profissionais ajudam familiares com questões sobre limites no “Altos Papos”

por marcello publicado 10/04/2017 17h18, última modificação 10/04/2017 17h28
Profissionais ajudam familiares com questões sobre limites no “Altos Papos”
Da esquerda para a direita: Maria Emília, Ana Maria e Marco Aurélio - clique para ampliar

O projeto “Altos Papos” do Colégio Metodista reiniciou a programação este ano trazendo o tema “Limites”. A primeira edição, que aconteceu na noite do dia 03 de abril, reuniu os familiares da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, para um momento de conversa com profissionais de diversas áreas, aproveitando para tirar algumas dúvidas.

Para ajudar com o tema e no diálogo, o “Altos Papos” contou com os convidados: Ana Maria Santana Martins, psicopedagoga, pedagoga, mestre em Administração, consultora empresarial, coordenadora dos cursos: Secretariado Executivo Bilíngue, Pós-graduação em Assessoria Executiva e Pós-graduação em Gestão de Eventos na Universidade Metodista de São Paulo. Autora do livro: Postura Profissional do Educador e do livro infantil "O que eu faço com essa tal de Boas Maneiras". Maria Emília Heringer Ribeiro, educadora, profissional de Educação Física e foi professora no Colégio Metodista por 26 anos. Marco Aurélio Bernardes, consultor, economista, pesquisador nas áreas de Gestão Social, Sustentabilidade, Economia Solidária, mestre em Administração de Empresas e autor de livros e artigos.


Relacionamentos

Trazendo a questão central, “limites”, para os relacionamentos, a professora Ana Maria lembrou a todos como este relacionamento entre pais e filhos, no quesito educar e pôr limites, mudou ao longo dos anos. “No passado, havia uma distância muito grande entre pais e filhos, a educação era rígida, composta por limites castradores e, não raramente, castigos corporais e humilhantes. Com o tempo, felizmente, muitas mudanças se operaram nessa relação e os pais gradualmente foram se aproximando dos filhos”.

Porém, segundo Ana Maria, a flexibilidade excessiva acarretou em um novo problema, que “é quando os pais tornam-se antirrepressivos e têm dificuldades para impor limites. Então, deixam que seus filhos façam o que querem, passem da conta e se tornem indisciplinados. Do autoritário ao permissivo, dois comportamentos radicais e nocivos para a educação”.

Após fazer uma abordagem sobre trabalhar o “limite”, envolvendo: atenção aos filhos, ação conjunta dos pais, bom senso, confiança e assertividade, entre outras abordagens, Ana Maria alertou aos presentes no evento de que “para criar os filhos não tem receita pronta e atualmente é mais difícil do que parece. A configuração de família mudou, é o que podemos chamar de família ‘mosaico’ e as referências ficaram mais diluídas entre família, amigos, escola e, principalmente, mídia. O imperativo é que tudo pode. Pais e escola não têm mais a autoridade de antigamente. Mas nós sabemos, mãe e pai, que não é bem assim. Tudo tem consequência, isso é comum para todo mundo, inclusive para os filhos”.

Ela finalizou dizendo que “toda autoridade é construída pela palavra. É pela palavra que construímos as regras junto com os pequenos. Se eles são informados (das regras), é legítimo cobrá-las e exigir que sejam respeitadas. Afinal, mãe e pai, todo limite que você coloca para seu filho é para o bem dele e seu também”.


O coração é o melhor modelo de “negócios”

Em uma linguagem empresarial, o professor Marco Aurélio usou do Canvas (meio de estruturar modelo de negócios de uma empresa em seu início, com procedimentos para chegar ao cliente) para falar de vida em família e em sociedade. “Mas não estamos falando de negócios e sim de vida. Por isso, sugiro o seguinte ‘Canvas’ aos pais: o coração”, disse.

O Canvas possui nove pontos a observar e neste “Canvas” sugerido por Marco Aurélio, ele fez a seguinte relação. Segmento de clientes: filhos e filhas e companheiros. Proposta de valor: oferecer aos filhos o essencial. “Quero trazer a distinção que Mário Sérgio Cortella faz (ver título mais abaixo) sobre fundamental e essencial. O dinheiro é fundamental, porque preciso do dinheiro para chegar ao essencial. Uma viagem, um passeio que eu faço com minha família é essencial. Assim, eu preciso daquilo que é fundamental. O trabalho não é essencial, ele é fundamental, porque pelo fundamental eu chego ao essencial. Então, é preciso oferecer aos filhos o essencial: amorosidade, lealdade, amizade e religiosidade. Criar para o mundo, ensinado aos filhos os ‘porquês’ das coisas e não apenas os ‘comos’. Apoiar o desenvolvimento da autonomia, indicar limites, considerando que uma pessoa que cresce reconhecendo limites tende a ser mais feliz, pois vive bem com o que tem no momento. Oferecer amor e construir o valor da renúncia e poupança”, explicou.

E assim o professor seguiu com os outros pontos do “Canvas”, equiparando os canais, as conversas, passeios e, especialmente, os exemplos. O relacionamento com “clientes”: tempo para bons papos, parques, cinema, teatro, jogos. Estar por perto. As fontes de receitas seriam o prazer por perceber que os filhos estão conseguindo fazer boas escolhas e atingir seus objetivos. Reconhecer-se nas escolhas dos filhos. Os recursos principais seriam a formação educacional, compartilhar o repertório composto por vivências. As atividades principais seriam refletir e fazer refletir sobre escolhas. Criar momentos de diálogo e trocas de ideias.

E, é claro, as parcerias principais são o marido ou esposa, não divergindo na frente dos filhos, tendo uma linha de pensamento. Também são parceiros os familiares, bons amigos e a escola. Completando o “Canvas”, a estrutura de custos são os livros, cursos, palestras, tempo, entre outros. Finalizando sua fala, Marco Aurélio desejou aos pais presentes “muito cansaço. A boa educação cansa, mas nunca poderá estressar aos pais”, afirmou.


Limite não é restrição, é segurança

Adotando uma linha esportiva, a professora Maria Emília falou sobre as pessoas, os filhos terem a percepção do limite, quando se chega a ele. “Todos vivemos em função de algum tipo de limite. Dentro da parte física, orgânica, muitas vezes somos limitados pela dor. Muitas vezes saberei que cheguei ao meu limite quando sentir fadiga. Geralmente, quando vamos à academia pela primeira vez, saímos de lá dizendo que não vamos mais voltar, achando que os exercícios extrapolam nosso limite. Trazendo para a vida, temos que pensar no que significa o limite para cada uma das pessoas. Temos que pensar: será que meu limite tem sido curto, folgado? Até que ponto o meu limite é suficiente para atingir o objetivo que eu quero? Até que ponto o limite que decretei para mim ou para meus filhos vai atingir o propósito? Nós temos que pensar muito, quando formos impor os limites aos filhos”.

Seguindo este raciocínio, a professora enfatizou a questão da aceitação do limite. “Dentro da atividade física, nas aulas de Educação Física, nós trabalhamos muito com regras e, neste caso, regras são nada mais que limites impostos sobre uma determinada modalidade ou atividade. Dentro destas regras é dito ‘você pode jogar até aqui, pode chegar só até esta linha ou não pode, tem que começar a jogada a partir do meio da quadra, entre outras’. Às vezes, a forma que eu conseguia trabalhar com as crianças a questão do limite era começar o jogo sem colocar regras. O jogo começava e as próprias crianças questionavam algumas situações, porque percebiam que o jogo não dava certo. Elas mesmas diziam ‘isto não vale’, ‘não pode passar da linha’, ‘não pode pôr a mão’. A partir do momento que você coloca a criança na construção desta regra, mesmo que já seja existente, ela passa a entender o porquê desta regra, que vai beneficiar, colaborar para que algo aconteça de forma satisfatória. Então, a aceitação desta regra será muito mais fácil para que ela consiga incorporar, compreender tal regra”.

“É muito importante colocar limites para as crianças, demonstrar a forma correta de proceder com as coisas, com carinho, amor e atenção. Superar limites é bom quando envolve vencer dificuldades, obstáculos. É saudável superar barreiras para alcançar objetivos, assim como é bonito ver atletas superando seus próprios limites para chegar a um ponto, como testemunhamos com os atletas olímpicos e paraolímpicos”, disse.

E ela ainda completou. “O limite não é ‘limitante’, é segurança. O limite é algo que vai fazer com que se consiga ir para frente sem correr riscos em demasia ou evitáveis”.


Confira algumas indicações de livros feitas pelos convidados:

Disciplina, limite na medida certa – autor: Içami Tiba (indicado pela professora Ana Maria).

Qual é a tua obra? – autor: Mário Sérgio Cortella (indicado pelo professor Marco Aurélio).


Veja as fotos do “Altos Papos”:

 

Também é possível acessar o álbum de fotos aqui.


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