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Alfabetização científica pode despertar interesse pelas ciências em estudantes da educação básica

por marcello publicado 18/08/2017 18h01, última modificação 21/08/2017 11h30
Alfabetização científica pode despertar interesse pelas ciências em estudantes da educação básica
Dirigentes das instituições parceiras da Fundação Siemens e representantes da Fundação - clique para ampliar

Como estimular a aprendizagem das ciências? Este foi um dos diversos questionamentos levantados no I Encontro Nacional do Programa Experimento promovido pela Fundação Siemens, representante no Brasil do programa concebido pela Siemens Stiftung, em parceria com a Educação Metodista, sediado na Universidade Metodista de São Paulo, no dia 16 de agosto. Como diz a própria nomenclatura, esta é a primeira vez que o evento abrange exclusivamente o Brasil. A edição anterior contemplou a América Latina e foi realizada pela Siemens Stiftung.

O primeiro encontro brasileiro reuniu parceiros da Fundação, como Instituto Ayrton Senna, Câmara Brasil-Alemanha, Escolas Associadas da UNESCO, Secretaria da Educação da Prefeitura de Juquitiba, Secretaria da Educação da Prefeitura de Guaratinguetá, Atina Educação, Instituto Qualidade no Ensino, Colégio Visconde de Porto Seguro e os 14 colégios da rede da Educação Metodista. Os parceiros já trabalham com o Programa Experimento e debateram sobre o fortalecimento do desenvolvimento do Programa no Brasil e sua importância para a aprendizagem de alunos e na formação continuada de professores e, principalmente, sobre o cenário atual do ensino de Ciências e STEM (sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) na educação básica brasileira.

Voltando à questão levantada no evento, sobre o estímulo ao aprendizado das ciências, entre os palestrantes do encontro estava o docente do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do ABC, com atuação em Ciência, Tecnologia e Sociedade, professor Evonir Albrecht.

O professor aprofundou a problemática. “O aprendizado sobre as ciências, sobre a Matemática fica parado no ambiente das salas de aula e nos livros. Quando o aluno termina os estudos na escola, dificilmente ele se lembra como explicar coisas simples, como por que uma folha se solta da árvore e faz um movimento leve até chegar ao chão. Dificilmente ele se lembra como explicar a rotação da Terra. Todo o aprendizado científico fica apenas na teoria e entre os muros do ambiente escolar, ele não leva a aplicação para a vida”, disse Albrecht.

Para tentar trazer uma possível explicação sobre esta situação, o docente mencionou Antônio Cachapuz, que diz que ”o ensino de ciências no Ensino Fundamental e Ensino Médio restringe-se mais ao ensino de conceitos e fórmulas do que em ciências propriamente dito, dificultando a compreensão e leitura do mundo”. O palestrante ainda completou com a ilustração de um exemplo: “talvez estejamos induzindo que os alunos desenhem a flor com pétalas vermelhas e botão amarelo e não os deixando desenharem as flores que eles realmente enxergam ou imaginam. Talvez estejamos limitando a criatividade e capacidade de inovar”.

Na busca por evitar esta limitação e a consequente desmotivação ao aprendizado, Albrecht sugere o propósito da alfabetização científica, que, entre educadores, consiste em contextualizar, de forma interdisciplinar, o que é ensinado, mostrando as relações com o meio que se vive. Ele deu exemplos de ações práticas que favorecem esta forma de alfabetização, como: trabalhar com atividades problematizadoras, exemplificar com situações cotidianas; aponta r aplicações na tecnologia; promover discussões com as outras disciplinas, usar recursos didáticos diversos; estimular a observação como prática rotineira; e incentivar a busca constante pelo conhecimento.

Já no final do encontro, ocorreu a Mesa Redonda com, além do professor Evonir Albrecht, a diretora nacional de Educação Básica da Educação Metodista, professora Débora Castanha e com a secretária executiva da Fundação Siemens, professora Bianca Talassi, que abordaram a temática “Educação Científica e a Formação Integral do Cidadão”, enfatizando o que vinha sendo debatido.

Entre os argumentos apresentados, os integrantes da mesa deram relevância à “necessidade da existência de perguntas, dos estudantes serem motivados a ter a curiosidade, perguntar e buscar descobrir a resposta, de modo que eles coloquem a ‘mão na massa’ para chegar às soluções”.

Aliás, “mão na massa” foi algo que os representantes dos parceiros presentes no encontro precisaram fazer. Pouco antes da Mesa redonda, eles foram desafiados pelo professor Albrecht a construírem carrinhos com materiais simples, como papelão, tampas de garrafa pet, palitos, canudos e o carrinho ainda deveria ser movido ao ar de uma bexiga, tudo utilizando a criatividade. No final, o experimento funcionou (confira nas fotos mais abaixo).


Programa Experimento

Os colégios da Educação Metodista já vêm trabalhando nos últimos anos com propostas que valorizem e contextualizem o ensino das ciências, desde que foi adotado o eixo transversal Ciência, Tecnologia e Sociedade junto ao Projeto Pedagógico. O Programa Experimento veio reforçar este trabalho, sendo importante ferramenta de estímulo aos alunos, uma vez que o programa criado pela Fundação Siemens visa aprimorar o ensino de ciências e fomentar o interesse de crianças e jovens por questões científicas. O programa está presente em 55 cidades brasileiras, em 12 estados, por meio da implantação em escolas públicas e privadas.

Presente no Encontro Nacional, o diretor geral da Fundação Siemens no Brasil, Henrique Petersen Paiva, explicou que “não devemos trabalhar o incentivo do pensamento científico em uma idade mais avançada dos alunos, a partir dos 17 anos. Percebemos que vale a pena fomentar este tipo de pensamento no início da infância. Trabalhamos com crianças a partir dos 4 anos e isso (pensamento científico), naturalmente, se torna algo mais fácil de acontecer num futuro. É claro que isto não é algo tão inédito, mas com certeza é um incentivo à ampliação desta metodologia de ensino, à ajuda, em grande parte, no desenvolvimento do País de forma mais rápida”.

Henrique ainda comentou sobre algumas influências da metodologia. “O que temos observado neste trabalho é o impacto não apenas nas crianças, mas no comportamento do professor na sala de aula, que está mais disponível a incentivar os alunos à pesquisa conjunta e não se sentir na obrigatoriedade de ter as respostas prontas para tudo o que é perguntado e isso pode ser expandido para as empresas, para o nosso dia a dia e na sociedade como um todo”.

Desde 2015, o Programa Experimento, com as caixas 4+ e 8+, vem sendo aplicado nas unidades da Educação Metodista, tanto nos anos escolares da Educação Básica, quanto nas licenciaturas de Biologia, Matemática e Pedagogia da Universidade Metodista de São Paulo. Mais de 7 mil alunos Educação Infantil e do Fundamental I já foram impactados com essa dinâmica. "Considerando todos os parceiros do Programa Experimento, já são mais de 40 mil estudantes impactados no Brasil", completa a secretária executiva da Fundação Siemens, professora Bianca Talassi.

Confira as fotos do evento (passe o mouse para avançar as fotos):

I Encontro Nacional do Programa Experimento - Educação Básica e Fundação Siemens- 2017  

Também é possível acessar o álbum de fotos aqui.