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20/11: Dia da Consciência Negra

por priscila publicado 21/11/2016 19h29, última modificação 21/11/2016 19h29

O dia 20 de novembro é a comemoração do Dia da Consciência Negra. Esta data foi instituída oficialmente pela Lei n.º 12.519, de 10 de novembro de 2011, portanto, uma lei de apenas cinco anos de existência. Esta data faz referência à morte de Zumbi dos Palmares, o líder do Quilombo de Palmares, situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na região Nordeste do Brasil.

Zumbi foi morto em 1695, na referida data, por bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho. A data de sua morte, descoberta por historiadores no início da década de 1970, motivou membros do Movimento Negro Unificado, em congresso realizado em 1978, elegerem a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos diversos povos negros escravizados pelos portugueses no Brasil, bem como a luta por direitos que seus descendentes reivindicam.

Apesar da referida Lei, que oficializou a data em 2011, desde 2003 tal data foi incluída no calendário escolar nacional. O Dia da Consciência Negra tornou-se feriado em 1.047 municípios brasileiros. O objetivo deste dia é fazer uma reflexão sobre a história, cultura do povo africano que foi escravizado e trazido para o Brasil, bem como avaliar o impacto que tiveram na composição da cultura brasileira. É dia de comemorar e mostrar a influência da cultura afro na sociologia, antropologia, religião, gastronomia, influência da língua no vocabulário, entre outras áreas.

No Brasil, a história da escravização dos povos africanos começou no século XVI e se prolongou por três séculos e meio. Durante este período, muitos homens e mulheres foram trazidos à força para trabalhar nas lavouras, serviços gerais e trabalhos domésticos dos portugueses.

Os homens e mulheres escravizados reagiam das mais variadas formas à escravidão imposta nas fazendas, cidades e minas. Há relatos históricos de fugas, suicídios, rejeição ao trabalho, mulheres que provocavam abortos e desobediência, castigados duramente por meio de tortura e castigos variados.

A forma mais conhecida e “ativa” de resistência era a fuga, seguida de organização dos quilombos. Os quilombos variavam de tamanho e modo de organização. Durante todo o período escravista formaram-se inúmeros quilombos em diversas regiões do território brasileiro. Em geral, eram comunidades agrícolas que se desenvolviam por meio do trabalho coletivo e da propriedade comum da terra. O quilombo de Palmares foi um dos mais marcantes pela sua grandiosidade, pois durou quase 100 anos e abrigou cerca de 20.000 habitantes, conforme registros históricos.

Houve, também, diversas insurreições escravas, sendo que a maioria foi reprimida antes mesmo da sua eclosão. Por exemplo, em 1835, na cidade de Salvador, Bahia, um movimento foi violentamente reprimido e ficou conhecido como a Revolta dos Malês. Os malês confessavam a fé Islã e eram organizados, facilitando o processo de revolta ao sistema escravista.

Os últimos anos de escravidão formal no Brasil foram assinalados pelo crescente aumento de revoltas, agitações, fugas massivas e organização de muitos quilombos. Estes movimentos convergiram para o movimento abolicionista, tornando-o decisivo. A abolição da escravidão no Brasil aconteceu por meio da Lei Áurea, no ano de 1888. O Brasil foi o último país no mundo a abolir a escravidão. E mesmo assim, depois da abolição, não houve uma compensação aos afro-brasileiros pelos anos de trabalho nas lavouras, minas, cidades e casas. Foram, em sua maioria, renegados, abandonados e rejeitados provocando uma crise social desumana e histórica.

O Dia da Consciência Negra serve para fazer uma análise dos fatos históricos e confrontar com a realidade brasileira dos dias atuais e nos obriga, além de comemorar as conquistas citadas neste texto, a pensar: existe um reconhecimento do trabalho dos povos africanos e afro-brasileiros na formação cultural e social no Brasil? Quais os desafios para a superação do racismo e preconceito racial existentes no Brasil nos dias atuais?

Na década de 1980, a Igreja Metodista criou um grupo chamado “Ministério de Combate ao Racismo” que estuda, conversa e aborda o tema Consciência Negra e racismo no contexto das igrejas e comunidades metodistas. A Pastoral Universitária e Escolar, consciente da importância do conhecimento e discussão sobre o assunto, também soma a este Ministério e faz um convite a toda comunidade escolar e universitária: avaliar e conhecer as ações e propostas, para conhecer a história brasileira de forma crítica, combater o racismo e propor uma sociedade fraterna, igualitária, onde todos (as) tenham a oportunidade de serem sujeitos e ter orgulho de sua história e ancestralidade.

 

Pr. Wesley Cardoso Teixeira
Agente de Pastoral
Colégio Metodista em São Bernardo

 

 

Fontes:

1)      http://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-nacional-da-consciencia-negra.htm

2)      http://www.portaldarmc.com.br/noticias-brasil-e-mundo/2016/11/dia-da-consciencia-negra-conheca-a-historia-completa/

3)      Salve 13 de maio? Escola, Espaço de Luta Contra a Discriminação, Imprensa Oficial do Estado de S.P. São Paulo, 1988.